domingo, 2 de novembro de 2014

Evangelho Segundo o Espiritismo


O CRISTO CONSOLADOR


Bem-aventurados os pobres em espírito porque deles é o reino dos céus!

Bem-aventurados os que choram pois serão consolados!

Bem-aventurados os humildes, pois receberão a Terra por herança!

Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça pois serão consolados!

Bem-aventurados os misericordiosos, pois obterão misericórdia!

Bem-aventurados os puros de coração pois verão a Deus!

Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o reino dos Céus!

Bem-aventurados sois vós, quando por minha causa os insultem, e perseguirem, e levantem 
todo o tipo de calúnias contra vós. Alegrem-se e regozijem-se porque grande é a vossa recompensa
nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que vieram antes de vós!



Vinde a mim todos os que andais em sofrimento e vos achais carregados, eu vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim que sou manso e humilde de coração,
e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.
(Mateus, 21-28-30)


Eu sou o grande médico das almas, e venho trazer-vos 
o remédio que vos deve curar. Os débeis os sofredores e os enfermos são os meus filhos prediletos e venho salvá-los.
Vinde, pois, a mim, todos vós que sofreis e que estais carregados
e sereis aliviados e consolados. Não procureis algures a força e a 
consolação porque o mundo é impotente para dar-vo-las
Deus dirige aos vossos corações um apelo: -- escutai-o.
Que a impiedade a mentira, o erro e a incredulidade
sejam extirpados de vossas almas doloridas,
São esses os monstros que sugam o mais puro do vosso
sangue, e vos produzem chagas quase sempre mortais.
Que no futuro humildes e submissos ao 
Criador, pratiqueis sua divina Lei. Amai e orai.
Sede dóceis aos espíritos do senhor.
Invocai-O do fundo do coração.
Então ele vos enviará o seu filho bem-amado 
para vos instruir e vos dizer estas boas palavras:
«Eis-me aqui, venho a vós porque me chamastes!»

Evangelho Segundo o Espiritismo 




AMAI AOS VOSSOS INIMIGOS

PAGAR O MAL COM O BEM

    Tendes ouvido o que foi dito: Amarás ao teu próximo e aborrecerás ao teu inimigo. Mas eu vos digo: Amai os vossos inimigos, fazei bem ao que vos odeia, e orai pelos que vos perseguem e caluniam, para serdes filhos do vosso Pai, que está nos céus, o qual faz nascer o seu sol sobre bons e maus e vir chuva sobre justos e injustos. Porque se não amardes senão os que vos amam, que recompensa haveis de ter?  Não fazem os publicanos também assim? E se saudardes somente os vossos irmãos que fazeis nisso de especial? Não fazem também assim os gentios?----Eu vos digo se a vossa justiça não for maior e mais perfeita do que a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos Céus.  (  Mateus,  V:  20,  43-47).


  E se vós amais somente aos que vos amam, que merecimento é que vós tereis? Pois os pecadores também amam os que os amam. E se só fizerdes o bem aos que vos fazem bem, que merecimento é que vós tereis? Porque isto mesmo fazem também os pecadores. E se emprestardes somente àqueles de quem esperais receber, que merecimento é que vós tereis? Porque também os pecadores emprestam uns aos outros, para que se lhes faça outro tanto. Amai, pois, os vossos inimigos, fazei bem, e emprestai sem nada esperar, e tereis muita avultada recompensa, e sereis filhos do Altíssimo, que faz bem aos mesmos que lhe são ingratos e maus.
 Sede pois misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso.  
  ( Lucas, VI:  32-36).


  Se o amor do próximo é o princípio da caridade, amar aos inimigos é a sua aplicação sublime, porque essa virtude constitui uma das maiores vitórias conquistadas sobre  o egoísmo e o orgulho.
  Não obstante, nos equivocamos quanto ao sentido da palavra amor, aplicada a esta circunstância.
  Jesus não pretendia, ao dizer essas palavras, que se deve ter por um inimigo a mesma  que se tem por um irmão ou por um amigo. A ternura pressupõe confiança. Ora não se pode ter confiança naquele que se sabe que nos quer mal.   No se pode ter com ele as efusões de amizade, desde que se sabe que pode abusar delas. Entre pessoas que desconfiam umas das outras, não podem haver os impulsos de simpatia, existentes entre aqueles que comungam dos mesmos pensamentos. Não se pode, enfim, ter a mesma satisfação ao encontrar um inimigo, que se tem como um amigo.
  Esse sentimento por outro lado, resulta de uma lei física: a de assimilação e repulsão dos fluidos.
  O pensamento malévolo emite uma corrente fluidica que causa penosa impressão; o pensamento benévolo envolve-nos no eflúvio agradável. Daí a diferença de sensações que se experimenta, à aproximação de um inimigo, ou de um amigo. Amar os inimigos não pode, pois, significar que não se deve fazer nenhuma diferença entre eles e os amigos. Este preceito parece difícil e até mesmo impossível de se praticar, porque falsamente supomos que ele prescreve darmos a uns e a outros, o mesmo lugar no coração. Se a pobreza das línguas humanas nos obriga a usarmos a mesma palavra, para exprimir formas diversas de sentimentos, a razão deve fazer as diferenças necessárias, segundo os casos. 
  Amar aos inimigos, não é pois, ter por eles uma afeição que não é natural, uma vez que o contacto de um inimigo faz bater o coração de maneira inteiramente diversa que o de um amigo. Mas é não lhes ter ódio, nem rancor, ou desejos de vingança. É perdoá-los sem segunda intenção e incondicionalmente, pelo mal que nos fizeram. É não opor nenhum obstáculo à reconciliação. É desejar-lhe o bem  em vez do mal. É alegrar-nos em vez de aborrecer-nos com o bem que os atinge, 
  É estender-lhe a mão prestativa em caso de necessidade. É abstermo-nos por actos e palavras. de tudo o que possa prejudicá-los. É, enfim pagar-lhes em tudo o mal com o bem, sem a intenção de humilhá-los. Todo aquele que assim fizer, cumpre as condições do mandamento; Amai os vossos inimigos.



  Amar aos inimigos é um absurdo para os incrédulos. Aquele para quem a vida presente é tudo, só vê no seu inimigo uma criatura perniciosa, a perturbar-lhe o sossego, e do qual somente a morte pode libertar. Daí o desejo de vingança. Não há nenhum interesse em perdoar, a menos que seja para satisfazer o seu orgulho aos olhos do mundo. Perdoar, até mesmo lhe parece, em certos casos, uma fraqueza indigna da sua personalidade. Se não se vinga, pois, nem por isso deixa de guardar rancor e um secreto desejo de fazer mal. Para o crente, e mais ainda para o espírita, a maneira de ver é inteiramente diversa, porque ele dirige o seu olhar para o passado e o futuro, entre os quais a vida presente é um momento apenas. Sabe que, pela própria destinação na Terra, nela devem encontrar homens maus e perversos; que as maldades a que está exposto, fazem parte das provas que deve sofrer. O ponto de vista em que se coloca, torna-lhe as vicissitudes menos amargas, que venham dos homens ou das coisas. Se não se queixa das provas, não deve também queixar-se dos que lhe servem de instrumentos.  Se, em lugar de se lamentar, agradece a Deus por experimentá-lo, deve também agradecer a mão que lhe oferece a ocasião de mostrar a sua paciência e a sua resignação. Esse pensamento o dispõe naturalmente ao perdão. Ele sente, aliás, que quanto mais generoso for, mais se engrandece aos próprios olhos, e mais longe se encontra do alcance dos dardos do seu inimigo.
   O homem que ocupa no mundo uma posição elevada não se considera ofendido pelos insultos daquele que olha como seu inferior. Assim acontece com aquele que se eleva, no mundo moral, acima da humanidade material. compreende que o ódio e o rancor o envileceriam e rebaixariam, pois para ser superior ao seu adversário, deve ter a alma mais nobre, maior, e mais generosa.




OS INIMIGOS DESENCARNADOS
(sem o corpo de carne)

 O espírita tem ainda outros motivos de indulgência para com os inimigos.
 Porque sabe, antes de mais nada, que a maldade não é o estado permanente do homem, mas que decorre de uma imperfeição momentânea, e que da mesma maneira que a criança se corrige dos seus defeitos, o homem mau, reconhecerá um dia os seus defeitos e se tornará bom.
  Sabe ainda que a morte só pode livrá-lo da presença material do seu inimigo, e que este pode persegui-lo com o seu ódio, mesmo depois de haver deixado a Terra. Assim, a vingança assassina não atinge o seu objectivo, mas, pelo contrário, tem por efeito produzir maior irritação, que pode prosseguir de uma existência para outra. Cabia ao Espiritismo provar, pela experiência e pela lei que rege as relações do mundo visível com o mundo invisível, que a expressão; extinguir o ódio com o sangue, é radicalmente falsa, pois a verdade é que o sangue conserva o ódio do além-túmulo. Ele dá por conseguinte, uma razão de ser efectiva e uma utilidade prática ao perdão, bem como a máxima de Cristo:
 Amai aos vossos inimigos. Não há coração tão perverso que não se deixe tocar pelas boas acções, mesmo a contragosto. O bom procedimento, não dá, pelo menos, nenhum pretexto a represálias, e com ele se pode fazer de um inimigo, um amigo antes e depois da morte. Com o mau procedimento, ele irrita-se, e é então que serve de instrumento à justiça de Deus, para punir aquele que não soube perdoar.

Pode-se pois ter inimigos entre os encarnados, (os que estão aqui no plano terreno em corpo físico)  e os desencarnados ( os que se encontram noutra dimensão depois da chamada morte, sem o corpo de carne). Os inimigos do mundo invisível manifestam a sua malevolência pelas obsessões e subjugações, a que tantas pessoas estão expostas, e que representam uma variedade de provas da vida. Essas provas, como as demais, contribuem para o desenvolvimento e devem ser aceites com resignação, como uma consequência da natureza inferior do globo terrestre: se não existissem homens maus na Terra, não haveria Espíritos maus ao redor da Terra. Se devemos, portanto, ter indulgência e benevolência  para com os inimigos encarnados, igualmente as devemos ter para os que estão desencarnados.
  Antigamente, ofereciam-se sacrifícios sangrentos para apaziguar os deuses infernais, que nada mais eram do que os Espíritos maus. Aos deuses infernais, sucederam os demónios, que são a mesma coisa. O Espiritismo vem provar que esses demónios não são mais que as almas dos homens perversos, que ainda não se despojaram dos seus instintos materiais; que não se pode apaziguá-los, se não pelo sacrifício dos maus sentimentos que lhe dirigimos,  ou seja pela caridade; e que a caridade não tem apenas o  o efeito de impedi-los de fazer o mal, mas também  de induzi-los ao caminho do bem e contribuir para a sua salvação.  É assim que a máxima: amai aos vossos inimigos, não fica circunscrita ao círculo estreito da Terra, e da vida presente, mas integra-se na grande lei da solidariedade e da fraternidade universais.


SE ALGUÉM TE FERIR NA FACE DIREITA

   Vós tendes ouvido o que se disse: Olho por olho, dente por dente. Eu porém digo-vos que não resistais ao mal; mas se alguém te ferir na tua face direita, oferece-lhe também a outra; e ao que quer demandar-te em juízo e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; e se alguém te obrigar a ir carregado mil passos, vai com ele ainda mais outros dois mil. Dá a quem te pede, e não voltes as costas, ao que deseja que lhe emprestes.  ( Mateus, V:  38-42)

 Os preconceitos do mundo a respeito daquilo a que se chamar ponto de honra dão esta susceptilidade sombria, nascida do orgulho e do exagerado personalismo, que leva o homem geralmente a retribuir injúria por injúria, golpe por golpe, o que parece muito justo para aqueles cujo senso moral, não se eleva acima das paixões terrenas. Eis porque dizia a lei mosaica: olho por olho, e dente por dente, mantendo-se em harmonia  com o  tempo em que Moisés vivia. Mas veio o Cristo e disse: « Não resistais ao que vos fizer mal; mas se alguém te ferir na tua face direita, oferece-lhe também a outra». Para o orgulhoso esta máxima parece um cobardia, porque ele não entende que há mais coragem em suportar um insulto do que em se vingar. E isto, sempre por aquele motivo que não lhe permite enxergar além do presente. deve-se, entretanto, tomar esta máxima ao pé da letra? Não, da mesma maneira que  aquela que manda arrancar o olho se ele for causa de escândalo. Levada às últimas consequências, ela condenaria toda a repressão, mesmo legal, e deixaria o campo livre aos maus, que nada teriam a temer; não se pondo freio às suas agressões, logo todos os bons seriam suas vítimas. O próprio instinto de conservação, que é a lei da natureza, nos diz que não deveremos entregar de boa-vontade o pescoço ao assassino. Por essas palavras, Jesus não proibiu a defesa, mas condenou a vingança. Dizendo-nos para oferecer uma face quando formos batidos na outra, disse, por outras palavras que não devemos retribuir o mal com o mal; que o homem deve aceitar com humildade tudo o que tende a reduzir-lhe o orgulho; que é mais glorioso para ele ser ferido do que ferir, suportar pacientemente uma injustiça, do que cometê-la; que mais vale ser enganado do que enganar, ser arruinado do que arruinar os outros. A fé na vida futura, e na justiça de Deus, que jamais deixa o mal impune, é a única que nos pode dar a força  de suportar pacientemente os atentados  aos nossos interesses  e ao nosso amor -próprio. Eis porque vos dizemos incessantemente:
voltai os vossos olhos para o futuro; quanto mais vos elevardes pelo pensamento, acima da vida material, menos sereis feridos pelas coisas da Terra.


A VINGANÇA

  A vingança, é um dos últimos resíduos dos costumes bárbaros, que tendem a desaparecer dentre os homens. Ela é um dos derradeiros vestígios daqueles costumes selvagens em que se debatia a humanidade no começo da era cristã. 
Por isso a vingança, é um indíce seguro do atraso dos homens que a ela se entregam, e dos Espíritos que ainda podem inspirá-la. Portanto meus amigos, esse sentimento  jamais deve fazer vibrar o coração de quem quer que se diga e se afirme cristão. Vingar-se é ainda, vós o sabeis, de tal maneira contrário a este preceito do Cristo: «Perdoai aos vossos inimigos», que aquele que se recusa a perdoar não somente não é espírita mas também não é cristão.
  A vingança é um sentimento tanto mais funesto quanto a falsidade e a vileza, são suas companheiras assíduas. Com efeito, aquele que se entrega a essa paixão cega e fatal quase nunca se vinga às claras. Quando é o mais forte, precipita-se como uma fera sobre o que considera seu inimigo, pois basta vê-lo para que se inflamem a sua paixão, a sua cólera  e o seu ódio. No mais das vezes, porém, assume uma atitude hipócrita, dissimulando no mais profundo do seu coração os maus sentimentos que o animam. Toma então caminhos escusos, seguindo o inimigo na sombra, sem que este desconfie, e aguarda o momento propício para feri-lo sem  perigo. Ocultando-se, vigia-o sem cessar, prepara-lhe
ciladas odiosas, e, quando surge a ocasião derrama-lhe o veneno na taça.
  Se o seu ódio não chega a esses extremos, ataca-o na sua honra e nas suas afeições. Não recua diante da calúnia, e suas pérfidas insinuações,  espalhadas em todas as direcções, vão crescendo pelo caminho. Dessa maneira, quando o perseguido aparece nos meios atingidos pelo seu sopro envenenado, admira-se de encontrar semblantes frios onde outrora havia rostos amigos e bondosos; fica estupefacto, quando as mãos que procuravam a sua, agora se recusam a apertá-la; enfim, sente-se aniquilado, quando os amigos mais caros, e os parentes o evitam e se esquivam dele. Há! o cobarde que se vinga dessa forma, é cem vezes mais criminoso do que aquele que vai directo ao inimigo, e insulta face a face!
Para traz, portanto com esses costumes selvagens! Para trás, com esses hábitos de outros tempos. Todo o cristão que pretendesse ter, ainda hoje, o direito de vingar-se seria indigno de figurar por mais tempo, na falange que tomou por divisa o lema: fora da caridade não há salvação. 


 O  ÓDIO

  Amai-vos uns aos outros e sereis felizes. Tratai sobretudo de amar aos que vos provocam indiferença, ódio e desprezo. O Cristo que deveis tornar o vosso modelo, deu-vos o exemplo dessa abnegação: Missionário do amor, amou até dar o sangue e a própria vida. O sacrifício de amar os que vos ultrajam e perseguem é penoso mas é isso, precisamente o que vos torna superiores a eles. Se vós os odiásseis como eles vos odeiam, não valeríeis mais do que eles. É essa a hóstia sagrada que ofereceis a Deus, no altar de vossos corações, hóstia de agradável fragrância, cujos perfumes sobem até Ele.
  Mas embora a lei do amor nos mande amar indistintamente a todos os nossos irmãos, não endurece o coração para os maus procedimentos. É essa pelo contrário a prova mais penosa.
 Mas Deus existe, e pune nesta e na outra vida, os que não cumprem a lei do amor.
  Não vos esqueçais, que o amor nos aproxima de Deus, e o ódio nos afasta
d´Ele.