terça-feira, 28 de outubro de 2014

Evangelho Segundo o Espiritismo




AMAR AO PRÓXIMO COMO A SI MESMO

E assim tudo o que  quereis que os homens vos façam, fazei-o  também vós a eles.
Porque esta é a lei e os profetas.  (Mateus, VII: 12).

Tratai todos os homens, como quereríeis que eles vos tratassem.  (Lucas, VI: 31).

O Reino de Deus é comparado a um rei que quis fazer contas com os seus servos.
E tendo começado a fazer as contas, apresentou-se-lhe um que lhe devia dez mil talentos. E como não tivesse com que pagar, mandou o seu senhor que o
vendessem a ele, e sua mulher e a seus filhos, e tudo o que tinha, para ficar pago
da dívida. Porém o tal servo lançando-se-lhe aos pés, fazia-lhe esta súplica:
Tem paciência comigo, que eu te pagarei tudo
Então o Senhor, compadecido daquele servo, deixou-o ir livre, e perdoou-lhe a dívida. 
E tendo saído este servo, encontrou um de seus companheiros, que lhe devia cem dinheiros. E lançando-lhe a mão à garganta o asfixiava, dizendo-lhe: Paga-me o que deves. E o companheiro lançando-se-lhe aos pés, rogava dizendo: Tem paciência comigo, que eu te pagarei tudo. Porém, ele não atendeu; retirou-se, e fez que o metessem na cadeia, até pagar a dívida. Porém, os outros servos, seus companheiros, vendo o que se passava, sentiram-no fortemente, e foram dar parte a seu senhor, de tudo o que tinha acontecido. Então  o chamou seu senhor, e lhe disse: Servo mau  eu te perdoei a dívida toda porque me vieste rogar isso: não devias tu logo, compadecer-te igualmente do teu companheiro, assim como também eu me compadeci de ti? E cheio de cólera, mandou seu senhor que o entregassem aos algozes, até pagar toda a dívida. Assim também, vos tratará meu Pai Celestial, se não perdoardes, do íntimo de vossos corações, aquilo que vos tenha feito vosso irmão, (Mateus, XVIII: 23-35).


"Amar ao próximo como a si mesmo, fazer aos outros como quereríamos que nos fizessem", Eis a expressão mais completa da caridade, porque ela resume todos os deveres para com o próximo.
Não se pode ter, neste caso, guia mais seguro, do que tomando como medida do que se deve fazer aos outros o que se deseja para si mesmo. Com que direito, exigiríamos de nossos semelhantes melhor tratamento, mais indulgência, benevolência e devotamento do que lhe damos? A prática dessa máxima, leva à destruição do egoísmo. Quando os homens as tomarem como normas de conduta e como base de suas instituições, compreenderão a verdadeira fraternidade, e farão reinar a paz e a justiça entre eles. Não haverá mais ódios, nem dissensões, mas união, concórdia, e mútua benevolência.


INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS 


A LEI DO AMOR


  O amor resume toda a doutrina de Jesus, porque é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os extintos elevados à altura do progresso realizado. No seu ponto de partida, o homem só tem instintos; mais avançado e corrompido, só tem sensações; mais instruído e purificado, tem sentimentos. E o amor é o requinte do sentimento. Não o amor no sentido vulgar do termo; mas esse sol interior, que reúne e condensa em seu foco ardente todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas.
 A lei do amor, substitui a personalidade pela fusão dos seres e extingue as misérias sociais.
  Feliz daquele que, sobrelevando-se à humanidade, ama com imenso amor, os seus irmãos em sofrimento! Feliz aquele que ama, porque não conhece as angústias da alma, nem as do corpo.! Seus pés são leves, e ele vive como transportado fora de si mesmo. Quando Jesus pronunciou essa palavra divina ----- amor---- fez estremecerem os povos, e os mártires, ébrios de esperança, desceram ao circo.
 O Espiritismo, por sua vez, vem pronunciar a segunda palavra do alfabeto divino. Ficai atento porque essa palavra, levanta a lápide dos túmulos vazios, e a reencarnação vencendo a morte, revela ao homem deslumbrado o seu património intelectual. Mas já não é mais aos suplícios que ela conduz, e sim à conquista do seu ser, elevado e transfigurado. O sangue resgatou o Espírito, e o Espírito deve agora resgatar o homem da matéria.
   Disse que o homem no início, tem apenas instintos. Aquele, pois, em que os instintos dominam, está mais próximo da partida, do que do alvo. Para avançarem em direcção ao alvo, é necessário vencerem os instintos a favor dos sentimentos, ou seja, aperfeiçoar a estes, sufocando o germes latentes da matéria. Os instintos são a germinação e os embriões dos sentimentos. Trazem consigo o progresso, como a bolota oculta o carvalho. Os seres menos adiantados, são os que, libertando-se lentamente de sua crisália, permanecem subjugados pelos instintos. O Espírito deve ser cultivado como um campo. Toda a riqueza futura depende do trabalho actual. E mais do que os bens terrenos, ele vos conduzirá à gloriosa elevação, Será então que, compreendendo a lei do amor, que une todos os seres, nela buscareis os suaves prazeres da alma, que são o prelúdio das alegrias celestes.


  O amor é de essência divina. Desde o mais elevado  até ao mais humilde, todos vós possuís no fundo do coração, a centelha desse fogo sagrado. É um facto que tendes podido constatar muitas vezes: o homem mais abjecto, o mais vil, o mais criminoso, sempre tem por algum ser ou objecto uma afeição viva e ardente, a prova de todas as vicissitudes, atingindo frequentemente alturas sublimes.
  Disse por um ser, ou objecto qualquer, porque existem, entre vós indivíduos, que dispensam tesouros de amor, que lhes transbordam o coração, aos animais, às plantas, e até mesmo aos objectos materiais. Espécie de misantropo a lamentarem-se da humanidade em geral, resistem à tendência natural da alma, que busca em seu redor afeição e simpatia. Rebaixam a lei do amor, à condição de instinto. Mas façam o que fizerem não conseguirão sufocar o germe vivaz que Deus depositou em seus corações no acto da criação. Esse germe se desenvolve e cresce com  a moralidade e a inteligência, e, embora frequentemente comprimido pelo egoísmo, é a fonte das santas e doces virtudes que constituem as afeições sinceras e duradouras, e que vos ajudam a transpor a rota escarpada e árida da existência humana.
  Há alguma pessoas a quem repugna a prova da reencarnação, pela ideia de que outros participarão das simpatias afectivas de que são ciosas. Pobres irmãos! O vosso afecto torna-vos egoístas. Vosso amor restringe-se a um círculo estreito de parentes ou de amigos, e todos os demais, vos são indiferentes. Pois bem: para praticar a lei do amor, como Deus a quer, é necessário que chegueis a amar, pouco a pouco, e indistintamente, a todos os vossos irmãos. A tarefa é longa e difícil, mas será realizada. Deus o quer, e a lei do amor é o primeiro e mais importante preceito da vossa nova doutrina, porque é ela que deve um dia matar o egoísmo, sob qualquer aspecto em que se apresente, pois além do egoísmo pessoal, há ainda o egoísmo de família, de casta, de nacionalidade. Jesus disse: 
« Amai ao vosso próximo como a vós mesmos»; ora, qual é o limite do próximo? Será a família, a seita, a nação? Não: é toda a humanidade! Nos mundos superiores, é o amor recíproco que harmoniza e dirige os Espíritos adiantados que os habitam. E o vosso Planeta, destinado a um progresso que se aproxima, para a sua transformação social, verá seus habitantes praticarem essa lei sublime, reflexo da própria Divindade, que habita  no interior de cada um. Os efeitos da lei do amor são o  aperfeiçoamento moral da raça humana, e a felicidade durante a vida terrena. Os mais rebeldes e os mais viciosos deverão reformar-se, quando presenciarem os benefícios produzidos pela prática deste principio: « Não façais aos outros, o que não quereis que os outros vos façam, mas, fazei, pelo contrário, todo o bem que puderdes». Não acrediteis na esterilidade e no endurecimento do coração humano, que cederá, mesmo de mal grado, ao verdadeiro amor.Este é um íman a que ele não poderá resistir, e o seu contacto, vivifica e fecunda os germes dessa virtude que estão latentes em vossos corações.
   A Terra, morada de exílio e de provas, será então purificada, por esse fogo sagrado, e nela se praticarão a caridade, a humildade, a paciência, a abnegação, a resignação o sacrifício, todas essas virtudes filhas do amor. Não vos canseis pois de escutar as palavras de João Evangelista. Sabeis que, quando a doença e a velhice interrompeu o curso de suas pregações, ele repetia apenas estas doces palavras: «Meus filhinhos, amai-vos uns aos outros!»
  Queridos  irmãos, utilizai como proveito essas lições: a sua prática é difícil, mas dela retira a alma, imenso benefício. Crede-me, fazei o sublime esforço que vos peço: «Amai-vos», e vereis muito em breve, a Terra modificada tornar-se um novo Eliseu, em que as almas dos justos virão  gozar o merecido repouso.



Meus queridos condiscípulos, amai muito para serdes amados! Tão justo é este pensamento, que nele encontrareis tudo quanto consola e acalma as penas de cada dia.
 Ou melhor: fazendo isso, de tal maneira vos elevais acima da matéria, que vos espiritualizareis mesmo antes de despirdes o  vosso corpo terreno. Os estudos espíritas ampliam vossa visão do futuro, e tendes agora uma certeza: a do vosso progresso para Deus, com todas as promessas que conrespondem às aspirações da vossa alma. Deveis também elevar-vos bem alto, para julgar sem as restrições da matéria, e assim não condenar o vosso próximo, antes de haver dirigido o pensamento a Deus.
  Amar, no sentido profundo do termo, é ser leal, probo, consciencioso, para fazer aos outros, aquilo que se deseja para si mesmo. É buscar em torno de si a razão íntima de todas as dores que acabrunham o próximo, para dar-lhes alívio. É encarar a grande família humana como a sua própria, porque essa família ireis encontrar um dia em mundos mais adiantados, pois os Espíritos que a constituem são, como vós, filhos de Deus, marcados na fronte para se elevarem o infinito. É por isso que não podeis recusar aos vossos irmãos, aquilo que Deus vos deu com liberdade, pois, de vossa parte, serieis muito felizes se vossos irmãos vos dessem aquilo que tendes necessidade. A todos os sofrimentos, dispensai pois uma palavra, ou um pensamento de ajuda e de esperança, para vos fazerdes todo o amor e toda a justiça.
  Crede que estas sábias palavras: « Amai muito, para serdes amados », seguirão o seu curso. Esta máxima é revolucinária, e segue uma rota firme e invariável. Mas vós haveis  progredido, vós que me escutais, sois infinitamente melhores que há cem anos; de tal maneira vos modificastes para melhor, que aceitais hoje sem repulsa uma infinidade de ideias novas sobre a liberdade e a fraternidade, que antigamente teríeis rejeitado. Pois daqui a cem anos aceitareis também, com a mesma facilidade, aquelas que ainda não puderem por agora, entrar em vossa cabeça. Hoje, que o movimento espírita avançou bastante, vede com que rapidez as ideias de justiça e de renovação, contidas nos ditados dos espíritos, são aceites pela metade das pessoas inteligentes. É que essas ideias conrespondem ao que há de divino em vós. É que estais preparados para uma semeadura fecunda: a do último século, que implantou na sociedade as grandes ideias de progresso. E como tudo se encadeia sob as ordem do Altíssimo, todas as lições recebidas e assimiladas resultarão nessa mudança universal do amor ao próximo. 
  Graças a ela, os Espíritos encarnados, melhor julgando e melhor sentindo, dar-se-ão as mãos, até aos confins do vosso planeta. Todos se reunirão para entender-se e amar-se, destruindo todas as injustiças, todas as causas de desentendimento entre os povos.
  Grande pensamento de renovação pelo Espiritismo, tão bem exposto no Livro dos Espíritos,
produzirá o grande milagre do século futuro, o da reunião de todos os interesse materiais e espirituais dos homens, pela aplicação desta máxima bem compreendida: amai muito, para serdes amados!




O EGOÍSMO



   O egoísmo, esta chaga da humanidade, deve desaparecer da Terra, porque impede o seu progresso moral. É ao Espiritismo que cabe a tarefa de fazê-la elevar-se na hierarquia dos mundos. O egoísmo é portanto, o alvo para o qual todos os verdadeiros crentes devem dirigir as suas armas, as suas forças, e a sua coragem. Digo coragem, porque esta é a palavra mais necessária para vencer a si mesmo, do que para vencer os outros. Que cada qual portanto, dedique sua atenção em combatê-lo em si próprio, pois esse monstro devorador de todas as inteligências, esse filho do orgulho, é a fonte de todas as misérias terrenas. Ele é a negação da caridade, e por isso mesmo, o maior obstáculo à felicidade dos homens.
  Jesus vos deu o exemplo da caridade, e Pôncio Pilatos, o do egoísmo. Porque enquanto o Justo vai percorrer as santas estações do seu martírio, Pilatos lava as mãos dizendo: 
Que me importa! Disse mesmo aos judeus: esse homem é justo, porque quereis crucificá-lo? E no entanto deixa que o levem ao suplício.
  É a esse antagonismo da caridade e do egoísmo, à invasão dessa lepra do coração humano, que o Cristianismo deve não ter ainda cumprido toda a sua missão. E é a vós, novos apóstolos da fé que os Espíritos superiores  esclarecem, que cabem a tarefa e o dever, de extirpar esse mal, para dar ao Cristianismo toda a sua força, e limpar o caminho dos obstáculos que lhe entravam a marcha. Expulsai o egoísmo da Terra, para que ela possa elevar-se na escala dos mundos, pois, já é tempo de a humanidade vestir a sua toga viril, e para isso é preciso primeiro expulsá-lo do vosso coração.


Se os homens se amassem reciprocamente, a caridade seria melhor praticada. Mas para isso seria necessário que vos esforçásseis no sentido de livrar o vosso coração dessa couraça que o envolve, a fim de torná-lo mais sensível ao sofrimento do próximo. O Cristo nunca se esquivaria: aqueles que o procuravam, fossem que fossem, não eram repelidos. A mulher adúltera, o criminoso, eram socorridos por Ele, que jamais temeu prejudicar a sua própria reputação. Quando, pois, o tomareis por modelo de todas as vossas acções? Se a caridade reinasse na Terra, o mal não dominaria, mas se apagaria envergonhado; ele se esconderia, porque em toda a parte se sentiria deslocado. Então o mal desapareceria; compenetrai-vos bem disso.
  Começai por dar o exemplo cada um de vós mesmos. Sede caridosos para com todos, indistintamente. Esforçai-vos para não dar atenção aos que vos olham com desdém. Deixai a Deus cuidar de toda a justiça, pois cada dia no seu Reino, Ele separa o joio do trigo.
  O egoísmo é a negação da caridade. Ora, sem a caridade, não há tranquilidade na vida social, e digo mais, não há segurança. Com o egoísmo e o orgulho que andam de mãos dadas, essa vida será sempre uma corrida favorável ao mais esperto, uma luta de interesses, em que as mais santas afeições são calcados aos pés, em que nem mesmo os  sagrados laços da família são respeitados.
  





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