terça-feira, 23 de setembro de 2014

BEM-AVENTURADOS OS MISERICORDIOSOS





PERDOAI PARA QUE DEUS VOS PERDOE

  Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.  ( Mateus, V: 7)

  Se perdoardes aos homens as ofensas que vos fazem, também vosso Pai Celestial vos perdoará os vossos pecados. Mas se não perdoardes aos homens, tão-pouco vosso Pai vos perdoará os vossos pecados.  ( Mateus, VI: 14-15 ).

  Se teu irmão pecar contra ti, vai, corrige-o entre ti e ele somente. Se te ouvir, ganhado terás o teu irmão Então chegando-se Pedro a Ele perguntou: Senhor, quantas vezes poderá pecar meu irmão contra mim para que eu lhe perdoe? Será até sete vezes? Respondeu-lhe Jesus: Não te digo, que até sete vezes, mas que até setenta vezes sete vezes.  ( Mateus, XVIII: 15, 21,22)


     A misericórdia é o complemento da mansuetude, pois os que não são misericordiosos também não são mansos e pacíficos. Ela consiste no esquecimento e no perdão das ofensas. O ódio e  rancor, denotam uma alma sem elevação, e sem grandeza. O esquecimento das ofensas, é próprio das almas elevadas, que pairam acima do mal que lhe quiseram fazer. Uma está sempre inquieta é de uma sensibilidade sombria e amargurada. A outra é calma, cheia de mansuetude e caridade.
    Infeliz daquele que diz: eu jamais perdoarei! porque se não for condenado pelos homens,o será certamente pela lei de Deus. Com que direito pedirá perdão de suas próprias faltas, se ele mesmo não perdoa aos outros? Jesus nos ensina, que a misericórdia não deve ter limites, quando diz que se deve perdoar ao irmão, não sete vezes, mas setenta vezes sete. Mas há duas maneiras bem diferentes de perdoar.Uma é grande, nobre, verdadeiramente generosa, sem segunda intenção, tratando com delicadeza e amor-próprio a susceptibilidade do adversário, mesmo quando a culpa foi inteiramente dele. A outra é quando o ofendido, ou aquele que assim se julga, impõe condições humilhantes ao adversário, fazendo-o sentir o peso de um perdão que irrita, em vez de acalmar. Se estende a mão, não é por benevolência, mas por ostentação, a fim  de poder dizer a todos: 
  Vede quanto sou generoso!
  Nessas circunstâncias, é impossível que a reconciliação seja sincera, de uma e de outra parte. Não, isso não é generosidade, mas apenas uma maneira de satisfazer o orgulho. em todas as contendas aquele que se mostra mais conciliador, que revela mais desinteresse próprio, mais caridade, e          verdadeira grandeza de alma, sempre conquistará a simpatia de pessoas imparciais. 


RECONCILIAR-SE COM OS ADVERSÁRIOS


      Concerte-se sem demora com seu adversário, enquanto estás a caminho com ele, para que não suceda que ele e entregue ao  juiz, e que o juiz te entregue ao seu ministro, e sejas mandado para a cadeia. Em verdade te digo, que não sairás de lá, enquanto não pagares o último centil.
( Mateus, V: 25-26) 


Há na prática do perdão, e na prática do bem em geral, além de um efeito moral, um efeito também material. A morte, como se sabe, não nos livra  dos nossos inimigos. Os Espíritos vingativos, perseguem sempre com o seu ódio, além da sepultura, aqueles que ainda são objecto do seu rancor. Daí ser falso, quando aplicado ao homem, o provérbio: « morto o cão acaba a raiva». O Espírito mais espera que aquele a quem quer mal, esteja encerrado em seu corpo, e assim menos livre, para mais facilmente o atormentar, atingindo-o nos seus interesses ou nas suas mais caras afeições. È necessário ver nesse facto, a maioria dos casos de obsessão, sobretudo daqueles que apresentam certa gravidade, como a subjugação e a possessão. O obsedado e o possesso, são pois, quase sempre, vítimas de uma vingança anterior, a que provavelmente deram motivo com a sua conduta.Deus permite a situação actual, para os punir do mal que fizeram, ou, se não o fizeram, por haverem faltado com a indulgência e a caridade, deixando de perdoar. Importa pois com vistas à tranquilidade futura, reparar o mais cedo possível os males que se tenham praticado em relação ao próximo, e perdoar aos inimigos, para assim se extinguirem, antes da morte, todos os motivos de desavença, toda a causa profunda de animosidade posterior. Dessa maneira, se pode fazer de um inimigo encarnado neste mundo,um amigo no outro, ou pelo menos ficar com a boa causa, e Deus não deixa ao sabor da vingança aquele que soube perdoar.Quando Jesus recomenda que nos reconciliemos o mais cedo possível com os nossos adversários,não quer só evitar as discórdias na vida presente mas também evitar que elas se perpetuem nas existências futuras. Não sairás de lá, disse ele, enquanto não pagares o último centil, ou seja até que a justiça Divina,não esteja  completamente sanada.

Livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, (Allan Kardec )


  

Sem comentários:

Enviar um comentário